Livro e Poesia
Ana (de ANônimA),
Sua percepção é incrível. Realmente a idéia do livro é no sentido de cicatrizar a ferida para eu continuar meu caminho. Falaram que EU teria um renascimento nesta fase da minha vida e que no renascimento não fica pedra sobre pedra. É exatamente assim que me sinto. Preciso escrever o livro para poder virar as páginas.
Fiz 40 anos há exatamente 1 mês e a tal crise dos 40 anos, que para mim se iniciou há 3 anos, posso sintetizar que é a descoberta da nossa mortalidade. O que quando jovem estava no longínquo infinito, percebo que vai chegar e isto assuta muito, muito mesmo.
Eu já plantei uma (várias na verdade) árvore. A idéia de ser pai não me causa mais medo e quanto ao livro, basta eu acreditar que vou conseguir. Faço relatórios, apostilas e apresentações técnicas de engenharia, é só questão de mudar o foco da razão para a emoção. Vou escrever este livro por mim.
Sempre gostei de poesia. Li muito na época do vestibular e ainda leio, e lembro de muitos escritores, das diversas escolas ao longo destes séculos, que conseguiram perpeturar tão bem sentimentos em palavras.
Estou melhorando sim. Há algumas semanas eu citaria Augusto dos Anjos como “Ah, Um urubu pousou na minha sorte!”, de Budismo Moderno. Hoje já cito
VANDALISMO
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
A propósito, o guitarrista é o Keith Richards.
Sua percepção é incrível. Realmente a idéia do livro é no sentido de cicatrizar a ferida para eu continuar meu caminho. Falaram que EU teria um renascimento nesta fase da minha vida e que no renascimento não fica pedra sobre pedra. É exatamente assim que me sinto. Preciso escrever o livro para poder virar as páginas.
Fiz 40 anos há exatamente 1 mês e a tal crise dos 40 anos, que para mim se iniciou há 3 anos, posso sintetizar que é a descoberta da nossa mortalidade. O que quando jovem estava no longínquo infinito, percebo que vai chegar e isto assuta muito, muito mesmo.
Eu já plantei uma (várias na verdade) árvore. A idéia de ser pai não me causa mais medo e quanto ao livro, basta eu acreditar que vou conseguir. Faço relatórios, apostilas e apresentações técnicas de engenharia, é só questão de mudar o foco da razão para a emoção. Vou escrever este livro por mim.
Sempre gostei de poesia. Li muito na época do vestibular e ainda leio, e lembro de muitos escritores, das diversas escolas ao longo destes séculos, que conseguiram perpeturar tão bem sentimentos em palavras.
Estou melhorando sim. Há algumas semanas eu citaria Augusto dos Anjos como “Ah, Um urubu pousou na minha sorte!”, de Budismo Moderno. Hoje já cito
VANDALISMO
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
A propósito, o guitarrista é o Keith Richards.
posted by White Dane at 11:26 PM
2 Comments:
Anônima e você original e gentil. Adoro Keith Richards mas quanto ao boato da hemodiálise eu já não sei. Mas aprecio a idéia de trocar sangue. Admito. Tenho um humor mórbido. E adoro "Anas" ( todas anacrônicas, anônimas, anarquistas, analfabetas, anestésicas Anas), e tenho um acidente entre um caminhão e uma jamanta ( ou melhor apenas uma queda gigantesca das cataratas) pelos poetas do século XlX ingleses , franceses , italianos, espanhóis e portugueses. E , como é óbvio, tenho manias exageradas. Baudelaire é um vício e Augusto sua língua opiácea. Adoro todas as palavras vampiras e o spleen arrivista. Vou fazer quarenta e só temo as promessas. E chegar aos 40 talvez seja eterno. E morrer parte da vida. Não me assusta morrer. Tenho cá um livro sobre os vários infernos que afastam meu medo desconhecido. Somos transeuntes, arredios. E vivemos a vida exorcizando demônios. E espalhando fragmentos. Creio que a idéia da mortalidade acalanta quando o sonho vira pesadelo. Talvez nos libere das correntes. Talvez o fato de nos sabermos mortais nos traga para o mundo. Nos abra os olhos. Gravar os momentos. Os filmes. Seus canais são muito bons.Talvez a mortalidade nos faça descobrir outro sentido. Perdoa a intromissão mas não pensou em um livro bem humorado sobre o assunto? Deixar a angústia na poesia e tentar ver com olho de Pollyana? Gosto de rir de mim. Mas só sei escrever histórias macabras. Gosto de demônios humanos. Meu amigo, escrever assim tanto não é um bom sinal.( Talvez a mortalidade me faça despedaçar este vèu moralista. )E tenho receio que esta minha visão seja ruim pra você. Nem sei. Vou anonimar outras vezes e escrever pouco ou não. Mas não pense que não fico torcendo pra que sua casa seja feita de pedras e dure mais de cem anos. Tenho bons sentimentos e mesmo se estiver ausente saiba que continuo com esperanças na sua total reconstrução.
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